quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Comida congelada perde 50% dos nutrientes

Por Regina Martins

Os alimentos congelados de forma inadequada podem eliminar 50% de determinados nutrientes, principalmente minerais e vitamina C. Apesar da praticidade oferecida, esse tipo de prato deve ser consumido com cautela. Esse é o alerta que alguns especialistas em nutrição fazem.

Segundo Carlos Grosso, professor da Faculdade de Engenharia de Alimentos e do Depan, Departamento de Planejamento Alimentar e Nutrição, da Unicamp, a maior parte dos alimentos pode ser congelada, mas deixar o produto muito tempo no freezer pode levar à perda de valores nutricionais. Ele diz que o consumidor deve prestar atenção na data de validade do produto. Além disso, os congelados perdem também valores sensoriais. Eles são diferentes principalmente no sabor, cheiro e textura se comparados com a comida “feita na hora”.

Na opinião de Lilia Zago Ferreira dos Santos, professora de Nutrição da Puc de Campinas deve-se tomar cuidado também ao consumir alimentos congelados industrializados. Em excesso, esse tipo de comida faz mal à saúde por causa dos conservantes, aromatizante, corante e sal, além dos aditivos que são colocados para realçar o sabor como o glutamato monossódico. “Em minha opinião a ingestão desses alimentos não pode acontecer diariamente. A pessoa deve fazer um esforço para preparar o alimento em sua própria casa”, diz Lilia.

Outro lado

Segundo Grosso, a facilidade do preparo desses alimentos congelados é um aspecto importante para a sociedade atual em que as pessoas nem sempre tem tempo para cozinhar. “Com as mudanças de hábitos, comportamentos e da necessidade de se trabalhar fora, existe a possibilidade do preparo para 15 dias ou um mês. Depois basta esquentar rapidamente utilizando o microondas e comer”, diz ele.

Na opinião do engenheiro de alimentos, o consumo de congelado só tende a aumentar. A batata vendida em fast-food é um exemplo clássico, uma vez que ela é vendida pré-frita para encurtar o tempo de preparo. Grosso afirma que esses alimentos suprem a necessidade diária. Para ele, as pessoas que deixam de fazer comida caseira normalmente tem um cardápio variado mesmo de congelados. O engenheiro não acredita na cautela para a ingestão desses alimentos.

Falta de tempo

Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) o consumo de comida congelada cresceu 126% entre 1990 e 2003. O Sociólogo Fernando Antônio Lourenço, professor de Sociologia da Unicamp, diz que com a mulher cada vez mais no mercado de trabalho e pelas pessoas trabalharem distante de onde moram, isso influencia na má alimentação.

Para ele, as pessoas passam por uma “infelicidade”. “Muitos deixam de se alimentar para dar conta de uma demanda que o trabalho impõe”, explica ele. Luciana Aparecida Alvez Cruz, balconista, costuma comer congelados no final de semana, principalmente sábado à noite e domingo quando não quer cozinhar. Ela afirma que não sente diferença no sabor.

Já na família de Laura Fernandes Estivales, ninguém gosta da comida congelada. “Com certeza tem muita química, então comemos somente a caseira”, conta ela.

Como congelar legumes em casa

- lave o alimento
- descascar e cortar em partes menores
- colocar em água fervente (de 2 a 3 minutos, conforme o alimento)
- depois colocar imediatamente em água gelada (para acontecer o choque térmico)
- colocar em embalagem adequada (geralmente plástico)
- tire todo o ar do plástico e feche bem
- coloque no congelador
Alguns legumes podem durar de 2 a 3 meses no congelador.

Bom Prato de Campinas traz alimentação saudável e barata à população de baixa renda


Por Michele Lisboa


O restaurante Bom Prato de Campinas é um projeto social, criado pelo governo do Estado de São Paulo com a ajuda da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, com o objetivo de levar alimentação saudável, balanceada e barata às pessoas de baixa renda.

Instalado na cidade desde 2002, após um convênio entre o Lar da Criança Feliz e o governo do Estado, o Bom Prato serve cerca de 1,8 mil refeições por dia a um custo de apenas R$ 1,00. O prato base, composto por arroz, feijão, carne, farinha de mandioca, salada, legumes, suco, frutas e pão, custa R$ 3,25, mas o governo custeia R$ 2,25 e cobra somente R$ 1,00 da população.

O cardápio é criado por nutricionistas e varia diariamente. “Nós criamos o cardápio e depois enviamos para a Secretaria de Agricultura para a aprovação deles. Se não estiver ok, eles fazem as alterações e mandam novamente”. Explica Vanessa Thomé, nutricionista do Bom Prato.

Além do baixo custo da alimentação, crianças até cinco anos não pagam. Para Jucilene Alves dos Santos, voluntária do Bom Prato pelo Lar da Criança Feliz, isso é um grande ganho. “Muitas mães ficam aí nas ruas com seus filhos pequenos pedindo comida, aqui eles se alimentam de graça e entregando qualquer panfleto essas mães conseguem um real para se alimentarem também”, diz ela.

Adilson Pascoal Reis, também voluntário pelo Lar da Criança Feliz, é responsável pela organização da fila. Ele conta que além dos catadores de papel, latinhas e desempregados, também freqüentam o restaurante médicos, advogados e funcionários do comércio. “Aqui vem todo o tipo de gente, mas tratamos todos da mesma maneira, sem distinção”, diz ele.

As portas do restaurante abrem às 10h30 e fecham por volta das 14h ou até o término das 1.800 refeições. A fila, no entanto, começa bem antes. “As pessoas chegam aqui por volta de sete, oito horas da manhã, ninguém quer ficar sem almoço”, conta Adilson.
Segundo o diretor responsável pelo restaurante, Maurício Antonio de Carvalho, são servidas sempre um pouco a mais de refeições, para que ninguém seja prejudicado. “Chegamos a servir cerca de 2 mil refeições por dia, e estamos com um projeto de reforma para o próximo ano, para que possamos passar de 1,8 mil para 2,5 mil refeições”, conta ele.
Freqüentador diário do restaurante, Antonio de Souza, aposentado, não reclama da fila que enfrenta, pois diz que vale a pena. “Eu fico no máximo 20 minutos na fila, mas eu não deixo de almoçar aqui não, a comida é barata e muito boa”, completa.

Maria Dinamar Alves dos Santos, desempregada, almoça sempre que pode no Bom Prato e agradece a oportunidade. “É uma coisa muito boa terem aberto isso para a gente. A comida é ótima, é uma alimentação que vem de Deus, pena que não existam mais desses por aqui”.

O restaurante conta com um refeitório com capacidade para 400 pessoas sentadas e mais uma área reservada para pessoas com deficiência. Esses deficientes não pegam fila e têm sempre um funcionário os acompanhando. Dona Georgina Fátima Alves, tem deficiência visual e acha muito bom esse atendimento: “Além de ser bem atendida na minha deficiência a comida é muito boa. Quando eu almoço aqui nem janto em casa”.
No Estado de São Paulo existem outros 25 restaurantes Bom Prato, totalizando um número de até 36.800 refeições servidas diariamente. O restaurante Bom Prato de Campinas fica situado no Centro, na Avenida Moraes Sales, 384.