domingo, 16 de dezembro de 2007

Guerra contra a gordura trans

Por Welington Bueno

A gordura trans conhecida também como gordura vegetal hidrogenada foi criada pela indústria para aumentar o prazo de validade dos produtos e deixá-los mais saborosos, crocantes e atraentes.

Nos anos 80, seu uso virou febre em bolachas recheadas, pipocas de microondas, sorvetes, salgadinhos, produtos de confeitaria, frituras em geral e fast-food. Hoje, a gordura trans também aparece nas margarinas que, de forma geral, quanto mais dura for sua consistência, maior a concentração de gordura trans.

Como o organismo humano não precisa desse tipo de gordura, ele também não está preparado para seu aproveitamento. Além de se acumular mais rápido no sangue e nas artérias, a gordura trans aumenta os níveis de “colesterol ruim” (LDL) e diminui o “colesterol bom” (HDL). Interfere também nos níveis de triglicérides, moléculas de gordura cuja principal função é produzir energia para o bom funcionamento do organismo.

Segundo estudos realizados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o excesso de gordura trans facilita o acúmulo de gordura na região abdominal e favorece o aparecimento da Síndrome Metabólica, transtorno que associa obesidade, diabetes e pressão arterial elevada.

O tema gerou tanta polêmica que diversos países decidiram se mobilizar na tentativa de banir a gordura trans da alimentação das pessoas. A prefeitura de Nova York está proibindo este ano a comercialização de alimentos que utilizem esse tipo de gordura. Antes disso, outros países como Austrália e Dinamarca já praticavam uma legislação rigorosa a esse respeito. Também recentemente o Canadá anunciou uma discussão com o objetivo de amenizar o problema.

No Brasil, a única legislação da Anvisa sobre o assunto determina que as indústrias informem nos rótulos a quantidade de gordura trans, o valor energético, carboidratos, proteínas, gorduras totais e gorduras saturadas, fibra alimentar e sódio. O prazo para esta adequação terminou em julho do ano passado, mas ainda é possível encontrar produtos nas prateleiras dos supermercados sem as devidas informações.

A empresária e consumidora Ana Lucia Morel, 43, confirma a irregularidade. “Adquiri um produto que me chamou a atenção justamente por trazer na embalagem o selo ‘Livre de gordura trans’, mas na tabela de informação nutricional constava a quantidade de gordura vegetal hidrogenada, ou seja, de gorduras trans”.

Mc Donald’s reduz percentual em frituras

A rede de fast-food McDonald’s anunciou a redução do teor de gordura trans nos produtos fritos da empresa, como as batatas fritas, empanados de frango e de peixe e tortinhas de banana e maçã. De acordo com a loja, o percentual de gordura nas batatas fritas chega a 0,01%.

Para reduzir o percentual de gordura, a rede promoveu pesquisas com consumidores da rede em todo o país. Eles ajudaram a analisar os padrões de sabor, textura e consistência e também os níveis de oleosidade dos produtos.

Em dezembro do ano passado, a rede passou a utilizar uma mistura de óleo de algodão, soja e palma no lugar da gordura vegetal hidrogenada.

Com o novo óleo, o índice de gordura trans na promoção com Big Mac, batata frita média e refrigerante médio reduziu em 87%. O centro de qualidade da empresa garante que a mudança no óleo não prejudica o sabor dos produtos.

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