Desperdício de alimentos no País bate recordes mundiais

Por Thaize Scarelli

Os índices de desperdício de alimentos no Brasil, um país com 46 milhões de famintos, batem recordes mundiais. Estudos realizados pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) no Centro de Agroindústria de Alimentos mostra que o brasileiro joga fora mais alimentos do que consome. Em hortaliças, por exemplo, o total anual de desperdício é de 37 quilos por habitante.

Dados recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que, nas dez maiores capitais do Brasil, o cidadão consome 35 quilos de alimentos ao ano, dois a menos do que joga no lixo. “Num país com tantos famintos como é o Brasil, esse desperdício é inadmissível”, avalia o químico industrial da Unicamp, Antônio Gomes.

Segundo ele, o Brasil é um país de contrastes, sendo o 4° produtor mundial de alimentos, mas ocupa o 6° lugar mundial em subnutrição, perdendo apenas para a Índia, Bangladesh, Paquistão, Filipinas e Indonésia.

Com base no total de alimentos desperdiçados no país, 10% ocorre durante a colheita, 50% no manuseio entre transporte de alimentos, 30% nas centrais de abastecimento devido ao armazenamento inadequado, e os últimos 10% ficam diluídos entre os revendedores e consumidores.

Para Antônio Gomes, o comerciante de alimentos no Brasil não está habituado a doar a comida que não vende. Teme ser responsabilizado por qualquer problema de saúde que possa surgir em quem se alimentou da sobra. Segundo ele, um projeto de lei em discussão na Câmara dos Deputados propõe mudar isso.

A idéia do “Bom Samaritano”, apelido dado ao projeto, é isentar o doador da responsabilidade civil ou penal se alguém adoecer ou morrer por causa do alimento doado. “Como o projeto é antigo e mexe com a legislação civil, penal e do consumidor, é preciso revisá –lo com atenção. O governo federal está pressionando os deputados a acelerar o andamento do processo para reforçar o programa Fome Zero”, diz Gomes.

Segundo a economista, Luciana Chinaglia Quintão, de cada 100 caixas de alimentos produzidas no meio agrícola, apenas 39 chegam à mesa do consumidor. Os supermercados desperdiçam 2,52% do seu faturamento, o que equivale por volta de 2 bilhões de reais por ano. Segundo ela também, de acordo com pesquisas já realizadas no país 60% do lixo da cidade de São Paulo é orgânico, ou seja, restos de alimentos.

Por dia, 39 mil toneladas de alimentos são jogados fora. Essa quantidade é suficiente para alimentar 19 milhões de pessoas com as três refeições básicas (café da manhã, almoço e jantar).

Luciana, completa que “olhando para os números do desperdício, percebe-se que sem gastar um centavo a mais sequer na produção, poderíamos estar em um outro patamar de desenvolvimento econômico”.

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